Édipo Rei

Fui assistir à peça Édipo Rei de Luciano Alabarse, que está em cartaz no teatro São Pedro, e sai muito admirada e satisfeita. Foi um espetáculo perfeito, com jogo de cores, aromas, encenações mágicas e figurino magnífico.
No início da peça surgiu Édipo e Antígona causando um misto de surpresa e emoção na platéia. O coro com interpretações sincronizadas dos atores foi uma das maiores surpresas da noite. O diretor fez uma adaptação da trilogia tebana, juntando partes de Édipo Rei, Antígona e Édipo em Colono, facilitando o entendimento da história para, até mesmo, o espectador que nunca ouvira falar em Édipo antes.
As imagens no telão, a escolha do repertório musical, o vestuário bem elaborado e a entonação forte da voz dos atores enriqueceram ainda mais a peça. Estou pensando seriamente em voltar para assisti-la outra vez. Após a apresentação houve um debate entre o diretor, a platéia e convidados. Debates que serão oferecidos todos os Domingos gratuitamente ao término do espetáculo. Os convidados são especialistas de uma área profissional que fazem uma releitura da peça e discutem com o público. No dia que assisti a apresentação foram três especialistas da área do Direito e no próximo final de semana serão mais três, só que do ramo da Psicologia.
Todos os atores, o diretor, os responsáveis pela realização da peça e até mesmo o teatro São Pedro estão de parabéns por levarem ao público uma história tão fascinante quanto a de Édipo Rei. Um personagem que é ao mesmo tempo vilão e herói, que causa repúdio e comoção, provoca fascínio e revolta. Não tem como odiar Édipo. Todas as suas peripécias são frutos de suas inconscientes desmedidas, causando-nos uma catarse emocionante que nos proporciona alívio por não sermos nós, os personagens de sucessivos livres-arbítrios mal escolhidos.
Édipo também pode ser um retrato do anti-herói contemporâneo: herói que causa estragos que acabam, por fim, caindo no esquecimento. Não é à toa que nossa vida assemelha-se a uma tragédia grega.

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Andreia Flores