segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Livro Mestres da Paixão

A obra Mestres da Paixão, de Domingos Pellegrini, é um livro autobiográfico que relata as lembranças escolares do autor. Cada capítulo retrata um fato vivenciado ao lado de vários professores que marcaram sua vida no período da infância até a entrada para a Universidade, na juventude. O autor narra histórias que o ajudaram a amadurecer e a crescer. Narra fatos que ele guarda como grandes experiências e que levou pela vida afora.
No terceiro capítulo do livro: Do mar ao infinito, Pellegrini relata a história do professor Mandrake, de Trabalhos Manuais, do qual conta que aprendeu a ter prazer de criar trabalhos manualmente. Foi numa aula desse professor que ele teve uma briga com um colega e, após receber um castigo, constatou que devemos respeitar e se fazer respeitar. Para Pellegrini (2007, p. 35), “além do prazer e do poder de criar, com Mandrake aprendi também a respeitar e me fazer respeitado.”
O professor Joaquim Carvalho é outro professor que o autor cita no 5º capítulo: Entre céu e inferno. Domingos narra que ele tinha extrema paciência com os alunos e que jamais desistiu de dar aula, mesmo com o tumulto da turma. Era um professor atencioso e prestativo. Segundo Pellegrini (2007, p. 81):

Pacientemente, aula após aula, ele ensinava gramática para aqueles poucos, enquanto os outros tumultuavam. Mas não deixávamos de prestar alguma atenção e dar uma olhada no livro didático, para fazer as provas, e conseguíamos notas até melhores que as dos caxias.

Outro professor citado por Domingos Pellegrini é o Mister, professor particular de matemática. Ele tinha aulas particulares na própria casa do professor com mais cinco colegas. A lição que Pellegrini guardou com carinho foi a da aula que o professor Mister fala que, na Física, aprendemos que tudo começa com o átomo, em Química, que tudo começa com a molécula e, em matemática, tudo começa com o ponto. De acordo com Domingos Pellegrini (2007, p. 48):

Mas o professor particular, que chamaremos de Mister porque tinha muita elegância e charme, começou pelo ponto. Vestia guarda-pó branco, mesmo para aquelas aulas em casa, e usava uma varinha como batuta de maestro para apontar no pequeno quadro sobre tripé. E começou perguntando qual é a maior invenção.

O autor conta que aprendeu muito com a teoria do ponto nas inesquecíveis aulas do professor Mister, retratadas também no capítulo: Do mar ao infinito.
O livro Mestres da Paixão é um relato emocionante que nos faz ver os dois lados de uma história: a relação aluno/professor e professor/aluno. Pellegrini desperta interesse e curiosidade no leitor aluno e traz nostálgicas saudades no leitor professor, que acaba percebendo que no passado foi também um aluno e hoje está vivendo o futuro que faria a diferença. Moacir Gadotti fala também sobre os queridos mestres no seu livro Boniteza de um sonho. O autor relata os altos e baixos da profissão de professor, os preconceitos e o valor de lecionar. Segundo Gadotti (2002, p. 17), “poderíamos dizer que o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem.”
Moacir Gadotti deixa claro que ser professor hoje em dia é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade. E apesar de Domingos Pellegrini não lecionar mais, por ter desistido do ofício, vemos claramente nesses dois livros que ser professor é encantador e estimulante. É uma profissão da qual aprendemos constantemente. Mesmo com alguns desestímulos, vale muito a pena disseminar nossos saberes em benefício do próximo. Realmente não podemos imaginar a humanidade sem os educadores. Eles serão sempre o alicerce, a pedra fundamental.

Andreia Flores

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