sábado, 4 de outubro de 2008

Na noite escura

Estava sozinha naquela noite, eram quase 22 horas, quando resolvi ler um livro e me acomodar na cama. Então ouvi gritos. Espantada com o que ouvia e muito curiosa, passei por cima do meu medo, abri rapidamente a porta e sai na rua para ver o que acontecia. Lá fora estava escuro, ninguém nas ruas. Em frente a minha casa, avistei um homem e uma mulher.
Eles estavam discutindo e falando muito alto. Parece que o mundo inteiro dormia, só eu estava acordada vendo aquilo. Escondi-me atrás de uma árvore, eu sabia que o que fazia era errado, mesmo assim, fiquei olhando. Queria saber por que o casal brigava, então fiquei ali parada assistindo.
De repente vi o homem agredir a mulher, ele batia nela com muita violência. Ao empurrá-la no chão, puxou um revólver e o apontou para ela. Fiquei paralisada com a cena. Eu vi, na minha frente, ele matar aquela mulher. Minha reação foi tão inesperada que gritei, chamando a atenção daquele homem que correu em minha direção. Não sei como, mas enquanto o homem pulava o muro de minha casa, consegui entrar e trancar a porta. Ele forçava a entrada, querendo derrubá-la. Queria entrar e matar-me, para que eu não contasse o que havia presenciado. Peguei o telefone, nervosamente liguei pra a polícia, enquanto o homem do lado de fora procurava entrar. Ao tentar adentrar pelos fundos, fui até a janela da frente e espiei.
Entrei em pânico ao ver nitidamente a mulher caída no chão. Naquele momento quis morrer para não presenciar aquilo. Finalmente a polícia chegou e capturou o assassino. A noite que estava deserta há uma hora atrás, agora estava cheia de pessoas curiosas.
Uma semana depois, vendi meu imóvel e fui morar em outra cidade. A única coisa que levei comigo foi a tristeza de presenciar que o ser humano pode dar a vida e também tirá-la. Aquele homem, naquela noite, havia matado sua própria filha.


Andreia Flores

0 comentários: