quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Onde estás?

Certa vez uma jovem parou diante de um espelho e começou a se observar. Enumerava defeitos e qualidades, parecendo disfarçar algo. De repente em vez de o seu rosto refletir, refletiam-se problemas. Seu sorriso desfez-se completamente. Era estranho observar uma garota tão jovem, sozinha em seu quarto, olhando no espelho e chorando. Se eu pudesse iria consolá-la, mas não podia. Eu estava tão perto e, ao mesmo tempo, longe demais.
Minutos depois, voltei para ver se ela estava melhor. A jovem garota nem percebeu que eu a olhava e a protegia. Um sorriso iluminou-me, ela dormia como um anjo. Parecia livre dos tormentos que a faziam sofrer. Ela descansava, enquanto dormia era feliz. Por pouco tempo, porém. Ao acordar tudo seria novamente como antes.
Neste momento senti poder mudar as coisas. Constatei que havia espaços vagos que precisavam ser preenchidos. Preenchidos para que os próximos dias não fossem como os anteriores. Emocionada, acordei-a ansiosamente. Ela, tão pequena em seu pijama, abraçou-me. Naquele exato momento, toda a sua tristeza deu lugar a uma alegria jamais presenciada. Toda a nossa saudade pareceu afogar-se em um segundo. Não pude controlar-me, chorei de felicidade.
Aquele ser tão frágil, tão dócil, sempre fez parte de mim, mesmo eu não reconhecendo. Foi então que a fiz sorrir, quando a chamei de filha. E ela, me abraçando, chamou-me pela primeira vez de mãe.


Andreia Flores

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